segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cronologia da Imigração Japonesa em Lins

  • 1908: no dia 18 de Junho, após 52 dias de viagem, chega ao porto de Santos o primeiro navio de emigrantes, o Kasato Maru, com 781 trabalhadores.
  • 1916: fundação do primeiro bairro nipônico em Lins , o Barbosa.
  • 1917: fundação do bairro Campestre.
  • 1917: fundação do bairro Periferia de Lins.
  • 1918: fundação do bairro União.
  • 1918: fundação do bairro Palmital.
  • 1922: fundação do bairro Córrego da Onça.
  • 1922: fundação do bairro Coqueiral.
  • 1922: fundação do bairro Ideal( atual bairro Tarama).
  • 1923: fundação do bairro Yabiku.
  • 1923: fundação do bairro São João.
  • 1925: fundação do bairro Figueira.
  • 1926: fundação da Associação de Jovens de Lins, que posteriormnte passou a ser chamada Associação Esportiva Linense (Rinsu Senenkai), com a intensa participação de jovens da colonia.
  • 1928: fundação do bairro Fortaleza e realização do primeiro casamento entre um imigrante japonês e uma não nikkei.
  • 1929: fundação da Associação Central Japonesa de Lins, denominada posteriormente Federação da Associação Nipo-Brasileira de Lins, cujo objetivo era melhorar o intercâmbio entre as associações e salvaguardar os interesses da escola japonesa.
  • 1929: início da prática do beisebol em Lins, com a participação da equipe da cidade em competições regionais, nacionais e internacionais.
  • 1929: fundação do bairro Camponesa.
  • 1930: construção da Escola Nipo-Brasileira de Lins.
  • 1930: fundação do bairro Riqueza.
  • Década de 1930: setenta por cento dos cafezais perteciam aos japoneses, os quais foram responsáveis por transformar Lins no maior centro produtor de café do mundo, através de árduo trabalho e grande dedicação.
  • 1930: fundação do bairro Natal.
  • 1930: fundação do bairro Pau d'Allho.
  • 1934: fundação do bairro Tangará.
  • 1935: fundação do bairro Paraíso.
  • 1936: construção da sede da Associação Esportiva Linense.
  • 1936: fundação da Associação de Adpetos da Seicho-No-Iê na Era Showa 11.
  • 1940: fundação do bairro Taquaruçu.
  • 1940: o governo brasileiro decreta a Lei Nacionalista, que proíbia o uso de idioma estrangeiro, o que dificultava o cotidiano dos imigrantes. Assim nesse ano mudou-se o nome da Federação da Associação Nipo-Brasileira de Lins para Associação Internacional Beneficente de Lins, para atender ás imposições legais. Apesar da denominação, a associação continuou auxiliar as famílias japonesas a dar continuidade ás atividades escolares em seu idioma original;
  • 1941: a II Guerra Mundial provocou a repressão governamental ás atividades econômicas e sociais dos imigrantes japoneses, ou seja, escolas japonesas foram fechadas, jornais e livros japoneses deixaram de circular, as atividades comerciais dos imgrantes sofreram rigorosas fiscalização. Após o fim do conflito a colônia  dividiu-se em dois grupos: o Makegumi, ou derrotistas, e o Kachigumi, ou vitoristas, fato que marcou uma fase de rivalidade e atentados entre os imigrantes.
  • 1945: criação da Associação da Melodia Poética (Tanka).
  • 1950: fundação da igreja Livre Metodista.
  • 1950: Lins recebe a visita da seleção japonesa de natação, integrada pelos chamados  "Peixes voadores", que era a mais famosa equipe de natação do mundo. Tal fato marcou a reconciliação entre os conterrâneos e entre os brasileiros e os japoneses no pós-guerra.
  •  
Recepção aos "Peixes Voadores"no aeroporto de Lins, em 1950

Recepção aos "peixes Voadores"em Lins 1950
Os "Peixes Voadores"na piscina de Lins, em 1950.

Ainda em 1950, o príncipe Toshihiko Higashikuni chega a Lins e vai morar na fazenda Tarama.
Outro fato curioso dos anos 1950 em Lins foi a produção, pelo dr Motumo Konda, de um medicamento para combater azia e dores de estômago, produzido á base de bicarbonato de sódio, chamado de Bisuisan, hoje conhecido nacionalmente e fabricado por um gran de laboratório.
 
  • 1951: visita do supremo sacerdote da Igreja Budista Japonesa Kootyo Ohtani, e sua esposa, Tomoko Ohtani.
O Supremo Sacerdote da Igreja Budista japonesa, e sua Esposa, em Lins 1951

Nessa época as mulheres não podiam participar das reuniões da Associação Nipo-Brasileira de Lins; assim, lideradas por Kikuno Konda ( esposa do dr Konda), fundaram a Associação das Senhoras  Japonesas em Lins, a Wako Fujinkai ( "Brilho da Paz"), nome sugerido pela sra. Ohtani durante sua estadia na cidade.
1953: em julho realiza-se a primeira Exposição de Produtos Agrícolas da Região de Lins, no distrito de Guapiranga. 
Primeira exposição de produtos agrícolas do bairro Paraíso-Julho de 1953
1954: a Miss Lins Colônia Japonesa, Rosa Miriko Satake, foi eleita Miss Brasil Colônia Japonesa,e, em 1957, outras vez uma Linense, Geny Toshie Fukuda, conquistou o título nacional.

Miss Brasil Colônia Japonesa, Rosa  Miriko Satake
Miss Brasil Colônia Japonesa, Geny Toshie Fukuda
  • 1958: visita do príncipe Takahito Mikasa e sua esposa, a princesa Yuriko Mikasa, durante a comemoração do Cinquentenário da Imigração Japonesa no Brasil.
  • 1966: comemoração dos 50 anos da Imigração japonesa em Lins. Visita do embaixador do Japão Keiichi Tatsuki, e do cônsul-geral, Shiro Kondo.
  • 1973: inauguração do Clube Meiji ( Meiji Kurabu), atual Rinsu Mutsuju Kai ( Departamento de Idosos), que realiza Karaokê e excursões para termas.
  • 1978: devolução da Escola Japonesa de Lins (Gakuen),  que permaneceu confiscada pelo exército durante 30 anos.
  • 1982: inauguração do Pensionato dos Estudantes.
Sentaro Omura cumprimenta o Príncipe Takahito Mikasa e sua Esposa, Yurico Mikasa, em Lins,1958
Recepção ao casal Imperial no aeroporto de Lins por autoridades do município, no dia 22 de Junho de 1958




    Imigração Japonesa em Lins

    Em 1905 teve inicio a construção da estrada de ferro Noroeste do Brasil, que ligava Bauru, na região central do estado de São Paulo , a Corumbá , nessa época no estado do Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul ( estrada 2008). O Mapa da figura 3 mostra o trajeto ferroviário percorrido pelos japoneses desde Santos até Lins.
    Essa ferroviária foi determinate para a expansão cafeeira e para o crescimento populacional dos imigrantes nas regiões por ela cortada. Á medida que a ferrovia penetrava  no sertão desconhecido, na região oeste de Bauru, contruíam-se estações, ao redor das quais fundavam povoados. Assim, o imigrantes japoneses começaram a implementação do núcleo de colonização, como núcleo Hirano, em 1915, na Estação Presidente Pena, atual Cafelândia; núcleo Barbosa, em 1916, na Estação Albuquerque  Lins, atual Lins; núcleo Itacolomi (Uetsuka n 1), em 1918, na Estação Heitor Legru, atual Promissão; núcleo Birigui, em 1918, na Estação Birigui, atual cidade do mesmo nome (Handa, 1987; Carvalho, 2007).
    O núcleo Hirano é conhecido como uma das mais amargas experiências de colonização japonesa. Os imigrantes foram acometido por surto de malária, a qual causou cerca de oitenta óbitos em 1916 e fez restar apenas trinta famílias. Além disso, em 1917, o núcleo sofreu um ataque de "núvem de gafanhotos", que chegou a escurecer o céu e devastou toda vegetação, e, em 1918, um longo período de seca, seguido de geada, que castigou as lavouras de café ( Handa, 1987; Koga 2006)
    Desse modo, por causa do menor número de casos de doenças como a malária e o calazar, os japoneses optaram pela região de Lins. Ademais, alguns colonos, em busca de novas oportunidades, fugiram das fazendas de café para escapar da escravidão por dividas. Diversos bairros foram então formados e, na década de 1930, Lins tinha a maior concentração de nikkeis do país. A base econonômica  dos nipônicos era a agricultura: criavam bicho-da-seda e plantavam feijão, milho, algodão e arroz, mas foi na cultura de café que a colonia se especializou. Cerca de 70 por cento dos cafezais do município perteciam aos japoneses e , nessa época, Lins foi considerada o maior centro cafeeiro do mundo(Koga,2006).

    Emoção

    É com imensa emoção que deixarei aqui registros do livro : A história da imigração japonesa em Lins.


    Dedicatória a minha familia (parte de avó Iwassaki)





    De Maria Kazue Mori,  sem muitas palavras pra descrever o quanto adorei o livro, pois nele há relatos da minha familia, meus ancestrais, que eu não conhecia, e de pessoas que conheço desde a minha infância.Com este livro conheci mais do passado dos meus ancestrais, de onde vim, e passei a admirar ainda mais todo esse povo forte, de histórias emocioantes, e de grande bravura.
    Agradeço a Kazue por este presente.


















    Contrato  da emigração entre a companhia Kokoku Shokumin Goshi Kaisha e o emigrante Kihei ide, ajustado em 5 de Abril de 1908.






     Cartaz para atrair emigrantes japoneses ao Brasil

    domingo, 17 de abril de 2011

    Japão, por Monja Coen

    Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo Japonês: kokoro(心).
    Kokoro  ou Shin significa coração-mente-essência.
    Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar à serviço e disposição do grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada?
    Outra palavra é gaman(我慢): aguentar, suportar.  Educação para ser capaz  de suportar dificuldades e superá-las.
    Assim, a tragédia de 11 de março, no Nordeste japonês, surpreenderam o mundo  de duas maneiras.
    A primeira pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima.
    A segunda pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas.
    Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os banheiros.
    Nos abrigos, a surpresa das repórteres norte americanas: ninguém queria tirar vantagem sobre ninguém.  Compartilhavam cobertas, alimentos, dores, saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área.  As crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no espaço que a família havia reservado.
    Não furaram as  filas para assistência médica – quantas pessoas necessitando de remédios perdidos- mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber atenção médica,  alimentos, roupas e escalda pés singelos, com pouquíssima água. 
    Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras, leite, da morte.
    Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques.  Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam.  Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no kokoro(感謝の心): coração de gratidão.
    Sumimasen(すみません) é outra palavra chave.  Desculpe, sinto muito, com licença. Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver.  Desculpe causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta.  Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo.  Sumimasem.
    Quando temos humildade e respeito pensamos nos outros, nos seus sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos cuidadas e respeitadas.
    O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim, perderei.  Cada um de nós, cada uma de nós é o todo manifesto.
    Acompanhando as transmissões na TV e na Internet pude pressentir a atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem ofender, sem estarrecer, sem causar pânico.  As vítimas encontradas, vivas ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de  resgate e delicadamente transportadas – quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais.
    Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”.
    Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi telefonemas.  Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse nossa viagem em Julho próximo.
    Aprendemos com essa tragédia  o que Buda ensinou há dois mil e quinhentos anos: a vida é transitória,  nada é seguro neste mundo,  tudo pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente.
    Reafirmando a Lei da Causalidade podemos perceber como tudo  está interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra.  O planeta tem seu próprio movimento e vida.  Estamos na superfície, na casquinha mais fina.  Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos.  O que podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos.  E isso já é uma tarefa e tanto.
    Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à reconstrução.
    Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam as tragédias que se seguiram a 11 de março.
    Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e respeitar. 
    Haviam pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso dizer : todas.  Todas eram e são pessoas de meu conhecimento.  Com elas aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência.  Aprendi a respeitar meus ancestrais e a linhagem de Budas.
    Mãos em prece (gasshou) 合掌
    Monja Coen

    sexta-feira, 15 de abril de 2011

    Uma esperança em forma de beleza

    Em meio a tanta tristesa e destruição eis que brota essa maravilha Sakura.